domingo, 16 de junho de 2019

Tudo certo e nada errado


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Tudo certo!
O teu olhar, teu cheiro, teus pelos: tudo
ardilosamente segue alimentando a minha expectativa
de te encontrar no lugar mais dionisíaco
de um bairro comum e morto aos domingos.
Tua presença taurina oferece, mesmo sem querer,
mas arrebatadoramente, prazeres incontestáveis
a um homem que é conduzido pela calmaria das águas.
A gravidade da tua voz entra em meus ouvidos,
quase como um anzol, e fisga, também sem querer,
não apenas a boca, mas quase o coração de um peixe.
Nem o álcool, a carne, as brasas,
nem a fumaça de um cigarro em uma praça
conseguem competir pela minha atenção
quando teus pelos exalam um cheiro quase quimérico
que faz me perder, querendo me perder...
E eu que renasço a cada pingo de chuva em minha pele,
que sempre me deixei levar pelo vigor das águas,
como um pescador, que sempre mantive o controle
como se tivesse uma rede em minhas mãos,
me vejo agora conduzido a um rio,
em noites de chuva
e pela mão que é tua, 
somente para me ver à margem do teu peito onde quero me perder,
e que, no entanto, é um porto para tantos outros barcos atracarem.
Até mesmo as respostas monossilábicas
que saem da tua boca provocam tempestades em meus sentidos.
E os goles de vida que tenho dado,
antes amargos como café sem açúcar,
tem tido gosto de desejo, com duas colheres de amizade,
e você segue chovendo enquanto for junho em meu peito.
Homem de tantos nomes, esquecíveis todos eles
quando meus sentidos são pescados pelo teu cheiro.
Quando meu desejo me desorienta em direção a tua tempestade.
Nesses momentos desbussolados, viver o agora é o buscado. 
E nada errado!