Tudo certo!
O teu olhar, teu cheiro, teus
pelos: tudo
ardilosamente segue alimentando a
minha expectativa
de te encontrar no lugar mais
dionisíaco
de um bairro comum e morto aos
domingos.
Tua presença taurina oferece,
mesmo sem querer,
mas arrebatadoramente, prazeres
incontestáveis
a um homem que é conduzido pela
calmaria das águas.
A gravidade da tua voz entra em
meus ouvidos,
quase como um anzol, e fisga,
também sem querer,
não apenas a boca, mas quase o
coração de um peixe.
Nem o álcool, a carne, as brasas,
nem a fumaça de um cigarro em uma
praça
conseguem competir pela minha
atenção
quando teus pelos exalam um
cheiro quase quimérico
que faz me perder, querendo me
perder...
E eu que renasço a cada
pingo de chuva em minha pele,
que sempre me deixei levar pelo
vigor das águas,
como um pescador, que sempre mantive
o controle
como se tivesse uma rede em
minhas mãos,
me vejo agora conduzido a um rio,
em noites de chuva
e pela mão que é tua,
somente para me ver à margem do
teu peito onde quero me perder,
e que, no entanto, é um porto para tantos outros barcos atracarem.
e que, no entanto, é um porto para tantos outros barcos atracarem.
Até mesmo as respostas
monossilábicas
que saem da tua boca provocam
tempestades em meus sentidos.
E os goles de vida que tenho
dado,
antes amargos como café sem
açúcar,
tem tido gosto de desejo, com
duas colheres de amizade,
e você segue chovendo enquanto
for junho em meu peito.
Homem de tantos nomes,
esquecíveis todos eles
quando meus
sentidos são pescados pelo teu cheiro.
Quando meu desejo me desorienta
em direção a tua tempestade.
Nesses momentos desbussolados,
viver o agora é o buscado.
E nada errado!