quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Traços de você em um poema

                                                                         


(A Izaquiel Doria Lopes, catalisador de todos os sentimentos presentes neste poema)

Você, simplicidade da condução a um objetivo nítido.
Leveza do ar que contrasta com a liquidez da minha vida
Instante em que tudo é condensado
Você, o porta-retratos da vida em perfeitas cores
As palavras vivas ao sabor de cajus amarelos.
Tantas nuances tem a tua pele,
Tantas cores os teus olhos
E lembranças o teu cheiro.
Me surpreende os diferentes sons do teu sorriso, Deus de tantos risos
Homem, peixe, gato, pedra, água, pó!
Ser que dá no próprio nome a ordem de alegrar a dor
Homem que por desvios e reajustes da vida se junta e matilha de lobos.
Você, nomeado de meu tudo
Pra tanto não fez nada.
Digo nada, além de existir nomeando e desmistificando a existência dos anjos
Me fazendo enxergar as asas negras que revelam sua bondade.
Me fazendo voltar a acreditar em anjos
Isso nem homens ou livros souberam fazer
A tua existência completa a necessidade de elementos matemáticos pra esta equação
Fato é que não sei resolvê-la nem me darei ao trabalho de iniciar tal compreensão
Apenas sou capaz de resumir o início e o fim desse processo em mim: o amor! Tudo nele se resolve e se dissolve.
Grato pelos dias que me apresentas,
Pelos sois que descobri,
Os jardins que faço,
Os anjos que conheci.
Você, desvendando com clareza a vida dentro e fora de mim.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Nitidez das reticências

                                   

                                     
                              (A elas, presentes em teu corpo e em meus pensamentos).


As formigas desenhadas na tua nuca unem-se
E me impedem de dormir
Elas, astutas, querem ser beijadas uma a uma.
E eu, que até agora havia preferido e me acostumado ao gosto azedo e agudo em minha boca
Fico agora às voltas, desejando, pensando, arquitetando momentos,
Sorrindo um sorriso que nem controlo mais.
As palavras doces, antes vazias e embaladas em clichês,
Entram em meus ouvidos plenamente amplas,
Enjoosamente doces e redondas.
E deram agora para sair da minha boca ressignificadas.
Já sinto doce a minha boca até mesmo antes de encontrar a tua
Enfileiradas, as formigas em teu corpo te transformam todo em objeto de minha reflexão.
Elas te usam como porta-voz. E você?
Você sem se dar conta disso, se deixa falar também através delas.
Essas criaturas pelas quais me interessei tanto quanto por você
Aparecem como as reticências do teu corpo
Na verdade, o mais prazeroso é descobrir a nitidez existentes nelas.
Traduzir a verdade que as permeia e também envolve tudo o que não é dito.
A alternância de nomes pelos quais te chamo me amplia a liberdade e o paladar.
Mesmo a sede que antes se esvaía ao sorver um copo d’água
Agora só encontra alívio em você
E de repente percebi o inevitável:
Que vários pontos do meu corpo se transformariam em vivos açúcares
Para o desfrute das criaturas famintas desenhadas pelo teu.





domingo, 17 de abril de 2011

Camisa Branca


          Em um dia de abril, um instante, um encontro, um espaço curto no tempo, mas que se transformou em algo tão significativo que acabou se tornando a mais leve e doce lembrança que tenho de você, belo rapaz ingênuo de olhos cor de chuva. Você distraidamente no meu caminho, eu iria apenas deixar um amigo na esquina e voltei com saudades de você. O cheiro do teu perfume me trouxe saudades e teu abraço me deixou vazio. Um comentário sobre a minha camisa branca, um abraço mais demorado que o usual, eu interrompendo como sempre o abraço, ato tão típico de mim. Você me convida, eu recuso, a noite não será a mesma sem nós um pro outro, você diz. Desde você e daquele dia, não levei mais meus amigos até as esquinas e essa camisa branca que usei perpetuou aquele momento e o teu cheiro, e sinto isso cada vez que a uso. Não sei mais se gosto da camisa ou do que você falou dela, mas sei que a visto para ouvir suas palavras e te ver novamente em minha busca pelo que já passou. Você declinaria das propostas para aquela noite se eu te oferecesse a mão e um café em um terraço qualquer, mas faltaram palavras e meu desanimo por saber como tudo findaria me fez declinar eu mesmo da minha felicidade. Me questiono ainda se o teu sorriso se deu por saber exatamente o que eu sabia sobre nós ou era o mais puro e belo convite a partilhar da sua companhia?  Belo sorriso o seu. Bela camisa a minha.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Madrugadas




Tudo já foi dito do amor e restou apenas meu peito para sentir
O que ainda não foi dito nem por sábios nem por poetas.
Ainda vivo como um homem velho entre goles de vida
Amargos como vodca e café sem açúcar.
Você tornou-se a medida do que suaviza o todo árduo da vida.
Vou te contar um segredo confessional, agora, não depois.
As madrugadas são momentos esperados por mim
Eu as vivo intensamente.
O mistério, o frio, a liberdade e você,
Tudo o que amo presente em todas elas.
É na madrugada líquida que posso ser eu mesmo por estar só,
Que posso estar com você da forma mais verdadeira,
Que você se dá pra mim,
Pois é meu sonho, minha imaginação
Que dá o tom de todos os nossos atos e
Apenas somos interrompidos quando os pingos de água
Te levam de mim de volta pra você.
Nessa viagem de volta às vezes
Um pouco de mim é levado, mas não o
Suficiente pra te fazer recordar
A felicidade que te é ofertada em sonhos alheios e
Seguimos assim, eu e você juntos e felizes
Até que despertemos.
E volto para os goles de vida amargos como vodca e café,
Mas com uma dose a mais de dor
Até que venha a próxima madrugada e o próximo sonho.



quarta-feira, 2 de março de 2011

Flores ao vigarista




Eu vejo a poesia na alma do vigarista,
O homem que é chamado de frio
Esconde em seu coração
As dores de amores
E as cores das noites chuvosas e iluminadas.
Tenho culpa dolorosa em meu coração,
Pois não trouxe as flores delicadas do cerrado
Para acalentar seu coração um pouco machucado.
O vigarista se escode por trás de uma fachada
Tão fácil de ser desmascarada, pois sua beleza
Não é só externa e aparente,
Ela é perceptível e delicada.
Os olhos mais atentos e a quem tenha ele dado permissão
Verão em seu coração, carinho, amor, luz e além da dor, paixão.
Todos verão como eu vi a clareza e a alegria
Do vigarista que me inspira em noites chuvosas de verão.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sagitário de nome comum


No momento certo da minha sanidade
O sagitário me corta de longe
Da cidade mais iluminada em dezembro
A claridade com que vejo o fim do que efetivamente não começou
Me encanta ao mesmo tempo que me mata
Não sei dar fim a estas palavras
Pois a cada instante meu peito se inquieta de emoções não admitidas
Que querem ser ditas, ouvidas, gritadas
Mas são sufocadas, alinhadas, agrupadas e ditas
Tão inverdadeiramente polidas e casuais quando na presença do ser 
Que me põe pra dormir como ser noturno que é.
Me converti um dia em estátua
Não ocorrerá novamente
Me desconstruo agora para a boca perfeita e para os olhos agudos
Quero ser mais claro que isso e só me resta a gota d'água na mão
Para me lembrar o tamanho da dor do mundo e da beleza da vida
Todo o meu ser agora, nesse instante, se rende a tua imagem
Ao teu cheiro que vem claro a minha mente
Tudo o que perfeito agora personificado em um
Que é você, ser de nome comum


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O beijo perfeito


A você em janeiro...
Título trivial e piégas para o que é real e surpreendente, um beijo perfeito em que as bocas se encaixam e as línguas se tocam e os dentes se mordem. Uma entrega de almas mais intensa que o sexo, a saliva doce e o cheiro da chuva e fumaça na pele. Esse beijo toca meu coração, me surpreende, me deixa trêmulo e nervoso, mas há uma pausa, há um olhar, há mais um novo toque e há um recomeço... e beija-se novamente e morde-se novamente, poderia eu escrever sempre algo novo sobre o mesmo beijo, o beijo que é tão completo porque molhado e úmido como a chuva e que me pega desprevenido em minha expectativa constante. Não se surpreenda se eu voltar a escrever sobre ele, o mesmo beijo, nada mais que um antigo novo beijo perfeito.
...De você em Janeiro...